terça-feira, 24 de abril de 2007

Um retrato no escuro


Sono, insônia, solidão.
Metamorfose, esclerose, algo em vão.
Loucura, verdade e razão.
Liberdade, medo, prisão.
Amor, certeza, contradição.
Cadeias, algemas, imensidão.
Sei, soube e sinto.
Socorro silencio, eu sinto sono.
Tenho medo do abandono
Abandono a todo instante
O instável inconstante
Que sustenta a base da instabilidade
Contado mentiras ás verdades
Enganando um jogo ultrapassado
Trapaceando o passado
Que ultrapassa o futuro.
Uma vela no escuro, uma flecha contra o muro.
A vaidade no escuro, maquinado os machucados.
Aos abandonados, adotados, e esquecidos, doentes e feridos.
Tristes e enlouquecidos
Aos privados de si mesmo
Um espiral que gira e nos deixa tontos, que são tantos e tamanhos diante do universo, o inverso a vaga razão que temos.
Que vaga por ai, que passeia sobre o subconsciente, um presente pensante e imprevisível.
Penso, pois sou então.
Um fragmento de razão que ninguém pensa ter sou aquilo que não quero ser.
Sou o chão, a mão e o laço.
O beijo e o abraço, o desprezo e a indiferença, a diferença e a mesmice, o bebe e o ancião. Sou a molécula, a célula, o átomo e o ato, sou um pedaço e sou também o inteiro.
Karina Borges

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Tempo


Tanto tempo que fez frio, há tanto tempo faz calor, há tempos o tempo esta estranho,
Há tempos que não te vejo
Que tempo quente! Sinto tanto frio! Parece que vai chover, vou fechar os olhos para as gotas rolarem, pra chuva, pras lagrimas molharem um solo infértil que mesmo assim teima e dar frutos. Há tempo para crescer? Existe tempo para amar?
Tempo: compõe a rima e o pensamento
Tempo: todos os motivos, todos os momentos.
Tempo: para nascer, morrer e recolher.
Tempo: a questão e o questionamento, o concreto e o alento.
Tempo: o motivo e o desisti mento, há tempo para se falar e ouvir.
Há tempo para fingir e sentir, tempo de ser e de estar.
De desenhar e apagar, de plantar e colher o tempo.
De escolher, tempo de cansar. Tempo para perder sem tempo para ganhar
Algumas coisas levam tempo, certas coisas o tempo leva e não se lembra de devolver.
Leva tempo o pensamento, e tanto tempo para alguém pensar, tempo de partida, tempo de chegar, tempo de chegar num banco no meio do nada e ver o tempo mudar.
Ainda há tempo para mudar o mundo, sempre existe um segundo que pode explodir mil coisas. Sempre há tempo para correr, para abraçar, sempre sobra tempo, tanto tempo, para pedir perdão, segurar na mão, olhar nos olhos e dizer eu te amo!
O tempo é o vilão é o mocinho, é sedativo, também é festa, é tartaruga e pressa, é solidão e o sorriso, e o que eu não quero e o que eu preciso, o tempo é a frase e o pensamento, o tempo é o carinho e o tormento, a chuva, e o guarda sol, o barquinho de papel na imensidão do oceano. O tempo é a batalha de todo o dia, é a sua cortesia diante do espelho.
(Karina Borges)

domingo, 22 de abril de 2007

O Quarto


O meu quarto já foi rosa,
já foi azul e roxo
Foi também amarelinho,
foi pintado de disgosto.

Meu quarto teve bonecas
teve ursos e livros.
Meu quarto teve incenso,
teve biblías e vestidos.

No meu quarto tem brinquedos,
Filmes e discos.
Meu quarto teve tapetes,
chão gelado e doído

No meu quarto tem perfumes,
e canivete no armario.
No meu quarto tem tv,quadro e dicionario.

O meu quarto já foi meu,
e de todos neste mundo.
O meu quarto é um espelho,
e nem me vi nenhum segundo.

Hoje meu quarto não tem paredes
Nem objetos decorando.
Hoje sou tudo o que sobrou dele,
e ele,tudo o que esta faltando.
(Karina Borges)
Ps: na imagem acima,a foto é da constelação Karina

Tempestade de banalidades.


Olhos, espelhos e jugos.
Sentenças, centenas e contratos.
Fatos, filmes, fragmentos.
Momentos, milhões de manuscritos.
Amor, espetáculo, respeitável publico:
Respeite a prostituta que também é santa porque ama
Porque o amor converte em milagre o padre, o bêbado e o beija-flor.
O grito, a grade, a dor.
A guerra, a terra, a espera.
Espere a esperança esperando o certo
E errado estar por perto.

Espelho, vidraça e vidro.
Um caco cortante cortou
Aquele pulso, aquele sangue, aquele amor.
E o tapete condecorou-se de vermelho escarlate
Junto ao peito que bate e a lagrima que rolou
Deslizou sobre a leve brisa de um crime qualquer
Esfriou o meu café, e o ônibus não me esperou.
Um sorriso de mulher, um fraque bem passado.
Mal usado, desprezado o desprezou.
O vento leva o tempo, leva o senso, leva a frase, leva a fase, lava a face.
Leva o tudo e abandona no nada, no sertão das palavras secas,
Grudadas no chão mais árido, mais pálido e sem vida.
Mais intenso e algoz
A ferida feroz que se defende pelo medo.
O feio que se convence pelo espelho e esquece a sua bagagem
O belo que é levado pelo furacão de banalidades
Afoga-te na tempestade de coisas banais.
Uma parede edificada por tijolos irreais.
(Karina Borges)

sábado, 7 de abril de 2007

Outono Inconstante


È outono, as folhas caem, as folhas sempre caem, em qualquer época do ano.
É vazio, o caminho esta deserto, só me vejo na loucura de quem esta perto e a musica entorpecente é o som do meu coração quase parando. O vento bate nos meus cabelos, tão secos quanto às folhas que caem e que enfeitam a paisagem inconstante, tão seco quanto os lábios ainda úmidos com o beijo distante, tão seco quanto o coração de um cacto abandonado no seio do deserto.
Ouço a musica da vida onde o tempo é uma sinfonia muda, tão louca e tão surda quanto qualquer rosto distorcido, qualquer grito desesperado, qualquer grito sufocado e ausente de quem não grita, mas sente dor. O tempo é o tango da vida com a morte, é uma mistura de destino ou sorte, com morbidez e escuridão, é o altar erguido em um templo sem tempo onde tudo que começa termina sem mais nem por que...
Karina Borges

Imagens e palavras



Palavras e imagens, a musica muda que expressa qualquer sentimento,a hora que a qualquer momento, pode reconstruir uma muralha, apertar as mãos ou ativar uma bomba.É capaz de derrubar uma lagrima, destruir um coração,de acelerar o passo da morte ou pegar carona na calda do cometa esperança...As palavras são a imagem falante,a imagem é a palavra muda, e quem muda, a cada segundo tem um conceito de uma nova coisa,de uma mesma coisa.
A expressão é pouco do muito que nos resta, que interessa, e que é pouco utilizado. O amor não é somente eros, o amor também é a necessidade de compartilhar qualquer coisa que possa ajudar em algo por mais minúsculo que seja,mesmo que este algo seja uma palavra,uma imagem,uma musica sem ritmo e sem dança,uma teoria onde cada um tem o dever e o direito de colocar em pratica...
Sejam bem vindos...
Karina Borges