terça-feira, 27 de novembro de 2007

Embaralhos da Esquina




O barulho do baralho se perde se perde em emboscadas, se embaralha em escadas de degraus de declínio, uma realidade inventada, um distintivo de um medo qualquer.
Grãos de Areia sobre o sapato, um sapato só sobre o solo.
Os pés racham com o asfalto quente, tanto quanto a cabeça da gente, rodopiando na roda gigante de qualquer tempo tranqüilizante, anestésico, alucinógeno, um tempo preso nos braços de um relógio, nas asas de um pensamento, algemado na cabeceira de uma maca de passeio.
Uma dor de dente muda surpreende a todo instante, a flor da pele um hidrante que alaga os olhos rasos como um momento infindável. E eis que do nada surge a cor, o ardor, um revolver.
E der repente tudo se envolve na dança, em coma, na balança empurrada pelo acaso...
A flor morreu num vaso, antes fosse num jardim.
Existe um conto pra cada fada, uma fada para cada criança, um sorriso pra cada esperança, mil braços para cada abraço, uma palavra para cada destruição em massa.
È possível os ponteiros fazerem curvas nas esquinas, nos paises dos relógios quadrados?
Para cada esquina um novo ponto, uma nova batida, uma criança perdida, para cada esquina uma nova avenida, e em todas elas um fluxo de veículos abandonados como labirintos em um aquário inabitado, um espiral com linhas feitas de acaso, para cada linha uma nova pipa, um novo menino, um céu azul nublado.
Ah falta uma chuva de peixes para cada poça de água, uma praia para cada janela, uma foto para cada sorriso, um aceno para a vida que pega carona nesta mesma esquina, e para cada instante, um improviso.

Karina S Borges
26/11/2007