domingo, 26 de agosto de 2007

Meio copo de leite morno


Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Cigarros foram fumados, o dinheiro esgotado, o chão sujo, cheios de pegadas e cinzas. A casa esta vazia há pouco espaço, sente mormaço que queima a pele pela metade, o tudo que o nada invade, transformando à tarde em tédio.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Em cima de um prédio o sonho de voar é mais real, tão real quanto nenhum sonho jamais foi. Acorde a vida esta ai, e não permite o uso de dublês. Acordes soam em um som sincero e estridente que vem da dor de dente, mas habita nas ruas, nuas como a expressão imparcial de nada expressar.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Passou seu ônibus, quando o passageiro nada esperava,perdeu o transporte, também não tinha que voltar pra casa, ganhou a asa, mas o táxi é mais confortável e seguro, pulou o muro, pois esqueceu a chave no bolso, largou o almoço sobre a mesa, pois a sobremesa era mais colorida, não ligava pra comida, era vizinho do fast food, Descendia de Robin Hood, mas seu rosto era de um político qualquer, só pensava em mulher, mas vivia das
Teorias, anseios e anomalias como qualquer pessoa comum.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Já não lembramos do principio, ora que novidade!
Os meios são reflexos do fim... E o fim... Ah, bobagens!
Como são divertidas as tragédias alheias, a Televisão ainda é o ringue e o cemitério preferido de todos, nada como ver o sangue sem precisar sentir seu cheiro, nada como ver a morte sem precisar chorar por ela.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Tenho um sol artificial sobre a janela, um sofá gasto em molas, o cabelo bagunçado pelo travesseiro velho, a televisão é nova, as olheiras profundas, nada possuo além do que consumo, nada além de meio copo de leite morno que não mata minha fome nem sede, mas que fica bem em minhas mãos, e que rima com minhas rimas.

Karina S. Borges

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O pescador de cenários



E logo cedo ele sai, bate a cara no escuro, ele sai e vê vidraças, vê espelhos e muros. Ele sai e leva sua rede, seu anzol, sua vara de condão, ele tranca o portão e fica trancado para o lado de fora, ele vai e não demora, ele se esquece nos segundos.
Ele atravessa a cidade, em cada janela vê um mundo, o seu medo aumenta a cada uma delas, afinal todo mundo tem um pouco de "algo", "alguém”, "ninguém" e de nada dentro de si... Nem tudo é choro, nem tudo é vela, nem tudo é a janela,nem tudo é a teoria.
Quem apagou as luzes dos postes daquela rua? Dos olhos daquele homem? Das cores daquela arvore?Onde esta a minha pipoca? O pescador pouco se importa,ele pensa e logo segue, logo esquece,ele vive de seus cenários, vive encenando e assistindo seu próprio espetáculo.
Ele caminha contra as regras, contra as placas,sobre as pontes,com lembranças aos montes,mas sem nenhuma bagagem,ele não é um colecionador,sempre devolve em dobro o que conquista, e sempre dá liberdade a tudo àquilo que é e não é seu!
Não tem graça guardar troféus pra si, alias não vale a pensa manter nada, nada alem do que aprende e desaprende.
Ele não espera nada alem da esperança.
O Pescador de cenários nunca trouxe um peixe pra casa, ah ele também não tem casa, nem bolso, nem olhos.
O pescador de cenários é cego, apenas sente, talvez por isso tenha mais privilégios... Talvez por isso seja o maior privilegiado.
Ele é o mapa da mina, o indicado para encontra-lo é fechar os olhos, e lá o pescador estará, vive em lugares que só existem para os que acreditam,e para quem deseja vê-lo,ele habita logo a beira da praia, ele nos espera de terno,no triangulo onde só se usam bermudas.

Karina S. Borges

domingo, 5 de agosto de 2007

O Confessionário


Ruas escuras, sol acinzentado, tudo em pontos estratégicos da cidade.
Paredes, postes e confessionários... Muita coisa imóvel inerte e inconstante
É uma estante repleta de quadros alheios, um relógio com segundos inacabáveis.
Todos os pecados sempre recorrem ao confessionário, ele é um projetor de todos os cenários, todos os perdões, todas as lagrimas e realidades.
Um confessionário nunca mente, nunca ama e pouco fala.
Ele sempre esta por perto quando se precisa, bem longe na hora do pecado, na verdade ninguém precisa de um confessionário quando esta feliz.
Na verdade a tristeza cai como uma luva, para um toque sem registros, o confessionário é um abismo onde os fatos caem no esquecimento, o próprio também cai, mas sempre esta ali para sepultar as crises e angustias,é a o jazigo que carrega consigo, sem poder descansar em paz.
É o ponto de cambio entre o pecado e o perdão.
Ele sempre espera o arrependimento, mas não alimenta esperanças, ele sempre espera que alguém venha para ficar, confessionários são fincados no chão, ele sabe que o pode esperar.
Confessionários são juízes em ciclos de erros e oportunidades, sabe que toda historia termina, um confessionário nunca sabe como uma historia termina, um confessionário também nunca termina...

Karina S. Borges

PS: texto sem pé nem cabeça eu sei, rs, mas na verdade a gente só tem pé e cabeça em nossa estética... Fora isso todo mundo é aquilo.
E então pra que concluir coisas que não se concluem?