domingo, 15 de julho de 2007

O Ultimo Cigarro


Não resta nem mesmo a brasa, nem mesmo a asa, nem mesmo o sopro, se foi o ultimo câncer, a ultima cinza, a ultima dor. Não morreremos mais disso, nem daquilo, não morreremos mais, não mais, depois de descobrir que já estamos mortos, a muito tempo, antes mesmo de viver.
Às vezes sentimos falta daquilo que nos é dado, daquilo que logo é tomado, sentimos falta do que nunca foi nosso, sentimos saudades daquilo que nunca fomos.
E o labirinto chamado historia, é um conto, onde cada um põe um ponto, é um ponto onde não passa ônibus, onde não existe nem conto, nem fadas, onde abandonamos nosso ultimo cigarro.
Como se nada fizesse sentido algo surge, pra nenhuma explicação e pra todos que esperam, e pra platéia que anseia, e no seio o peito bate,no peito batem, invadem os espaços infindáveis... E tudo isso existe, e nada disso é verdade, é uma realidade utópica, uma realidade que não gostaria ao menos de sonhar. Se bem que em nossos sonhos construímos castelos que não podemos habitar, castelos que se desfazem ao piscar, castelos sem base ou alicerce.Tudo no intervalo de um cigarro, ela nasce e renasce no intervalo de um cigarro, o café esfria e esquenta e ela não bebe, ela não fuma, ela observa os dias passarem, os cigarros queimarem, as pessoas pararem e retornarem ao vício único e intensivo que é “viver”.
Karina S. Borges

quarta-feira, 11 de julho de 2007

A estampa ao avesso


Olha só seu guarda-roupa... Tanto e tantas cores, lhe pergunto quantos você é?
Colecionar também é aprisionar, porque tudo? Pra que tanto se um grão de areia não é capaz de consumir o universo, nunca antes de ser consumado por ele.
Na verdade somos tantos, tantas cores e todas derivam de uma única, na verdade tantas peças, inúmeras e diversas, todas com a mesma finalidade. Sinceramente considere a mentira verdade, somos peças de um mesmo quebra cabeça, todo mundo é uma peça distante, todos esperam alguém montar, e alguém espera por todos, ninguém faz nada, a única coisa que fazem é aceitar tudo como esta.
Estampei minha camiseta ao inverso de propósito, e quando uso ao avesso, sou eu a pessoa errada, na verdade tudo é nada, e a estampa é artesanal, opcional e abstrata. Mas também é mais um detalhe.
O vento bate a roupa seca, a fogueira e a fotografia perdem a cor, a criança cresce e a meia fica curta, as historias maiores e as palavras metade, os dias mais longos, o tempo menor, a proximidade é grande, mas a distancia é maior.
Nosso varal é colorido e triste, na verdade ele não existe, uma parte é nosso desejo, outra nossa imaginação. É um baile onde o varal somos nós, as roupas: nossas mascaras, os pregadores uns são sonhos,outros realidade.
Karina S. Borges