terça-feira, 27 de novembro de 2007

Embaralhos da Esquina




O barulho do baralho se perde se perde em emboscadas, se embaralha em escadas de degraus de declínio, uma realidade inventada, um distintivo de um medo qualquer.
Grãos de Areia sobre o sapato, um sapato só sobre o solo.
Os pés racham com o asfalto quente, tanto quanto a cabeça da gente, rodopiando na roda gigante de qualquer tempo tranqüilizante, anestésico, alucinógeno, um tempo preso nos braços de um relógio, nas asas de um pensamento, algemado na cabeceira de uma maca de passeio.
Uma dor de dente muda surpreende a todo instante, a flor da pele um hidrante que alaga os olhos rasos como um momento infindável. E eis que do nada surge a cor, o ardor, um revolver.
E der repente tudo se envolve na dança, em coma, na balança empurrada pelo acaso...
A flor morreu num vaso, antes fosse num jardim.
Existe um conto pra cada fada, uma fada para cada criança, um sorriso pra cada esperança, mil braços para cada abraço, uma palavra para cada destruição em massa.
È possível os ponteiros fazerem curvas nas esquinas, nos paises dos relógios quadrados?
Para cada esquina um novo ponto, uma nova batida, uma criança perdida, para cada esquina uma nova avenida, e em todas elas um fluxo de veículos abandonados como labirintos em um aquário inabitado, um espiral com linhas feitas de acaso, para cada linha uma nova pipa, um novo menino, um céu azul nublado.
Ah falta uma chuva de peixes para cada poça de água, uma praia para cada janela, uma foto para cada sorriso, um aceno para a vida que pega carona nesta mesma esquina, e para cada instante, um improviso.

Karina S Borges
26/11/2007

domingo, 26 de agosto de 2007

Meio copo de leite morno


Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Cigarros foram fumados, o dinheiro esgotado, o chão sujo, cheios de pegadas e cinzas. A casa esta vazia há pouco espaço, sente mormaço que queima a pele pela metade, o tudo que o nada invade, transformando à tarde em tédio.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Em cima de um prédio o sonho de voar é mais real, tão real quanto nenhum sonho jamais foi. Acorde a vida esta ai, e não permite o uso de dublês. Acordes soam em um som sincero e estridente que vem da dor de dente, mas habita nas ruas, nuas como a expressão imparcial de nada expressar.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Passou seu ônibus, quando o passageiro nada esperava,perdeu o transporte, também não tinha que voltar pra casa, ganhou a asa, mas o táxi é mais confortável e seguro, pulou o muro, pois esqueceu a chave no bolso, largou o almoço sobre a mesa, pois a sobremesa era mais colorida, não ligava pra comida, era vizinho do fast food, Descendia de Robin Hood, mas seu rosto era de um político qualquer, só pensava em mulher, mas vivia das
Teorias, anseios e anomalias como qualquer pessoa comum.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Já não lembramos do principio, ora que novidade!
Os meios são reflexos do fim... E o fim... Ah, bobagens!
Como são divertidas as tragédias alheias, a Televisão ainda é o ringue e o cemitério preferido de todos, nada como ver o sangue sem precisar sentir seu cheiro, nada como ver a morte sem precisar chorar por ela.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Meio copo de leite morno.
Tenho um sol artificial sobre a janela, um sofá gasto em molas, o cabelo bagunçado pelo travesseiro velho, a televisão é nova, as olheiras profundas, nada possuo além do que consumo, nada além de meio copo de leite morno que não mata minha fome nem sede, mas que fica bem em minhas mãos, e que rima com minhas rimas.

Karina S. Borges

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O pescador de cenários



E logo cedo ele sai, bate a cara no escuro, ele sai e vê vidraças, vê espelhos e muros. Ele sai e leva sua rede, seu anzol, sua vara de condão, ele tranca o portão e fica trancado para o lado de fora, ele vai e não demora, ele se esquece nos segundos.
Ele atravessa a cidade, em cada janela vê um mundo, o seu medo aumenta a cada uma delas, afinal todo mundo tem um pouco de "algo", "alguém”, "ninguém" e de nada dentro de si... Nem tudo é choro, nem tudo é vela, nem tudo é a janela,nem tudo é a teoria.
Quem apagou as luzes dos postes daquela rua? Dos olhos daquele homem? Das cores daquela arvore?Onde esta a minha pipoca? O pescador pouco se importa,ele pensa e logo segue, logo esquece,ele vive de seus cenários, vive encenando e assistindo seu próprio espetáculo.
Ele caminha contra as regras, contra as placas,sobre as pontes,com lembranças aos montes,mas sem nenhuma bagagem,ele não é um colecionador,sempre devolve em dobro o que conquista, e sempre dá liberdade a tudo àquilo que é e não é seu!
Não tem graça guardar troféus pra si, alias não vale a pensa manter nada, nada alem do que aprende e desaprende.
Ele não espera nada alem da esperança.
O Pescador de cenários nunca trouxe um peixe pra casa, ah ele também não tem casa, nem bolso, nem olhos.
O pescador de cenários é cego, apenas sente, talvez por isso tenha mais privilégios... Talvez por isso seja o maior privilegiado.
Ele é o mapa da mina, o indicado para encontra-lo é fechar os olhos, e lá o pescador estará, vive em lugares que só existem para os que acreditam,e para quem deseja vê-lo,ele habita logo a beira da praia, ele nos espera de terno,no triangulo onde só se usam bermudas.

Karina S. Borges

domingo, 5 de agosto de 2007

O Confessionário


Ruas escuras, sol acinzentado, tudo em pontos estratégicos da cidade.
Paredes, postes e confessionários... Muita coisa imóvel inerte e inconstante
É uma estante repleta de quadros alheios, um relógio com segundos inacabáveis.
Todos os pecados sempre recorrem ao confessionário, ele é um projetor de todos os cenários, todos os perdões, todas as lagrimas e realidades.
Um confessionário nunca mente, nunca ama e pouco fala.
Ele sempre esta por perto quando se precisa, bem longe na hora do pecado, na verdade ninguém precisa de um confessionário quando esta feliz.
Na verdade a tristeza cai como uma luva, para um toque sem registros, o confessionário é um abismo onde os fatos caem no esquecimento, o próprio também cai, mas sempre esta ali para sepultar as crises e angustias,é a o jazigo que carrega consigo, sem poder descansar em paz.
É o ponto de cambio entre o pecado e o perdão.
Ele sempre espera o arrependimento, mas não alimenta esperanças, ele sempre espera que alguém venha para ficar, confessionários são fincados no chão, ele sabe que o pode esperar.
Confessionários são juízes em ciclos de erros e oportunidades, sabe que toda historia termina, um confessionário nunca sabe como uma historia termina, um confessionário também nunca termina...

Karina S. Borges

PS: texto sem pé nem cabeça eu sei, rs, mas na verdade a gente só tem pé e cabeça em nossa estética... Fora isso todo mundo é aquilo.
E então pra que concluir coisas que não se concluem?

domingo, 15 de julho de 2007

O Ultimo Cigarro


Não resta nem mesmo a brasa, nem mesmo a asa, nem mesmo o sopro, se foi o ultimo câncer, a ultima cinza, a ultima dor. Não morreremos mais disso, nem daquilo, não morreremos mais, não mais, depois de descobrir que já estamos mortos, a muito tempo, antes mesmo de viver.
Às vezes sentimos falta daquilo que nos é dado, daquilo que logo é tomado, sentimos falta do que nunca foi nosso, sentimos saudades daquilo que nunca fomos.
E o labirinto chamado historia, é um conto, onde cada um põe um ponto, é um ponto onde não passa ônibus, onde não existe nem conto, nem fadas, onde abandonamos nosso ultimo cigarro.
Como se nada fizesse sentido algo surge, pra nenhuma explicação e pra todos que esperam, e pra platéia que anseia, e no seio o peito bate,no peito batem, invadem os espaços infindáveis... E tudo isso existe, e nada disso é verdade, é uma realidade utópica, uma realidade que não gostaria ao menos de sonhar. Se bem que em nossos sonhos construímos castelos que não podemos habitar, castelos que se desfazem ao piscar, castelos sem base ou alicerce.Tudo no intervalo de um cigarro, ela nasce e renasce no intervalo de um cigarro, o café esfria e esquenta e ela não bebe, ela não fuma, ela observa os dias passarem, os cigarros queimarem, as pessoas pararem e retornarem ao vício único e intensivo que é “viver”.
Karina S. Borges

quarta-feira, 11 de julho de 2007

A estampa ao avesso


Olha só seu guarda-roupa... Tanto e tantas cores, lhe pergunto quantos você é?
Colecionar também é aprisionar, porque tudo? Pra que tanto se um grão de areia não é capaz de consumir o universo, nunca antes de ser consumado por ele.
Na verdade somos tantos, tantas cores e todas derivam de uma única, na verdade tantas peças, inúmeras e diversas, todas com a mesma finalidade. Sinceramente considere a mentira verdade, somos peças de um mesmo quebra cabeça, todo mundo é uma peça distante, todos esperam alguém montar, e alguém espera por todos, ninguém faz nada, a única coisa que fazem é aceitar tudo como esta.
Estampei minha camiseta ao inverso de propósito, e quando uso ao avesso, sou eu a pessoa errada, na verdade tudo é nada, e a estampa é artesanal, opcional e abstrata. Mas também é mais um detalhe.
O vento bate a roupa seca, a fogueira e a fotografia perdem a cor, a criança cresce e a meia fica curta, as historias maiores e as palavras metade, os dias mais longos, o tempo menor, a proximidade é grande, mas a distancia é maior.
Nosso varal é colorido e triste, na verdade ele não existe, uma parte é nosso desejo, outra nossa imaginação. É um baile onde o varal somos nós, as roupas: nossas mascaras, os pregadores uns são sonhos,outros realidade.
Karina S. Borges

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Monótona melodia


Sobre a vida, um céu pesado, sobre a mesa um café, sobremesa amarga, sobre a mesa do tempo enjaulado, sob a chave que não abre, bem onde ninguém mora,na voz que ninguém ouve, no sorriso tremulo que não fala. E a cor amarela é parda, e o dente branco, amarelo, e a vergonha faz o sorriso cada vez mais raro, e o dinheiro faz o custo cada vez mais caro, faz os valores cada vez mais baixos.
E na guerra: um ganso no lago. E na vitrine: um olho molhado, e por traz dela um cheque dourado. E nas ruas: um vento gelado, sob o mármore: um mendigo deitado. E no hotel um rico mimado embalado pelas penas do ganso do lago, pelo amor cantado, seduzido pelo ar condicionado.
Este tempo precisa de alavanca: um macaco não levanta um guindaste não move.
Este tempo precisa da manivela, eu olhei pela janela, e por aqui o tempo não passou.
Mas me disseram que o tempo voou, olhei pro calendário e não vi asas, vi as brasas que flamejavam, e já não era vermelha, desencadeei cadeias e emaranhei o mar, eu fiz de tudo pra passar, tudo aquilo que não passou.
Passeou por tudo isso: entre as pontes e os meios termos, Decidiu parar no meio, acender seu cigarro e viver o talvez e a musica repetia sempre o mesmo refrão,onde a pressa dizia não,onde a calma corria dilacerada.Onde a ânsia vomitava ansiedade,onde a angustia anseava uma verdade, onde o refrão sempre repetia: Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac.
Karina S. Borges

sábado, 16 de junho de 2007

O Trêm


Ele parte, ele segue no horizonte,leva tantos consigo,deixa a saudade comigo, ele parte, deixa sua fumaça cinzenta nos olhos de quem fica, parte com a dor nos olhos de quem segue, e ele parte sem a menor saudade, sabendo apenas que um dia precisa deixar de existir, como tudo que existe como você que agora lê.
Comporta tanta gente, o espaço é tão pouco, são tantos os outros, e nem sei se sou capaz de me lembrar de todos estes rostos, de todas estas vozes, o que faço no meio deles? Quem sou dentre estes? Tudo, tantos, todo, eu até me confundo entre outros olhos e corações. Eu me jogo neste chão, há cadeiras lotadas e corpos vazios ocupando o espaço, eu sou pisoteada todos os dias por todos deste mesmo vagão, por todos estes que me vêem e não me notam, por todos aqueles que também estão cansados, mas permanecem em pé suportando tudo aquilo que é insuportável.
Nesta composição há três tipos de pessoa:
Pessoas sentadas: Estas apenas dormem, tem o conforto, o status, mantém a roupa limpa e a mente vazia e distante.
Pessoas em pé: elas estão com olheiras, com sono, perdidas e cansadas, calos nos pés, nas mãos, bolsas pesadas nas costas, elas estão em pé, mas não sabem por quê.
E enfim aqueles que estão “jogados no chão”: estes não têm nojo nem medo de serem simplesmente o que são. Estes ficam em silencio, mas por sua vez são os que mais falam.Vistos por aqueles que estão sentados são maltrapilhos,sem senso ou valor.
Vistos pelos que estão é pé são coitados, muito mais cansados do que eles, compartilham de uma desgraça bem maior.Mas eles sabem sentir, sabem ser, enfim sabem viver muito mais que qualquer um, porque estes “jogados no chão” não tem medo de viver.
Este trem é o tempo,seus trilhos á vida, o destino, ah o destino, este é o mais obvio e ao mesmo tempo oculto de todo o sempre: A morte!
Karina S. Borges

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Cigarros Invisíveis


O medo consome o cigarro da angustia lentamente, fumaças inertes que confundem a mente, algo que posso ver, mas não tocar, mas não sentir, algo que esta em meus olhos, mas não é meu, nem seu, e então de quem é?
Um Cigarro Invisível, um cigarro de solidão, o consumível, o consumado, o câncer em algum lugar de todos nós, a psicose, a depressão mais profunda e mais oculta, mais explicita e ninguém vê, os pseudos da madrugada, os anseios e enseadas do teatro inacabável da angustia e tortura das cenas transcendentes e incalculáveis que o tempo arma, desarma e descarrega em todos nós.
Estão no ar, estão no mar, estão no oceano e no deserto duelando dentro de nos, e o que vemos e sentimos esta embaçado pela fumaça que habita e modifica a forma e a figura, o feio e a formosura a todo instante.Sigo devagar, é difícil respirar, é difícil abster-me dos cigarros invisíveis, constantes e ausentes na mesma medida em que um choro surge e um corpo cai.
Karina S. Borges

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Uma Guerra Civil

No mundo existe uma guerra constante (uma guerra de vaidades) onde cada um luta pela sobrevivência, ninguém se preocupa com o social. Isso resulta nesta disputa assídua pelo maior status. A sociedade é um bando de esterco que os "políticos pensantes" querem tirar do caminho e por isso armam falsos e meios de controlar a sociedade, e eles conseguem através do sensacionalismo, através do medo.
È Frustrante perceber que o social só é estimulado em épocas de preenchimento para o ego dos maiores, épocas assim como a copa, onde o mundinho medíocre passa a ser nação unida, tudo como um passe de mágica, ou melhor, dizendo: - “Tudo com um passe de bola”.
A guerra civil continua meu bem! Pegue suas palavras invalidas dê um abraço distante em quem você pensava amar e entre em campo com seu fuzil roubado.
A ditadura prevalece meu amor, só é confuso saber quem dita... Abra seus braços, abra suas asas e elas serão quebradas, nunca voe longe de quem te ensinou a voar, nunca voe longe de quem vai cortar suas asas e partir seu coração.
Status é tudo que alguém precisa, status é tudo o que o suicida do ultimo noticiário não pode obter.
Totalmente egocêntricos e medrosos São os seres humanos, sofrem todos das mesmas carências absurdas e abusivas de coisas que não fazem lógicas e por coisas que não conhecem a razão, sofrem frequentemente por motivos distantes que só aparecem na televisão, Motivos que alguém sofre na “malhação”.
Os seres humanos são maquiavélicos, mas escondem isso pelos objetivos no qual eles lutam ( isso quando lutam), Grande parte é fria e calculista, Calculam até o ultimo centavo para comprar o carro do ultimo ano, que antes de perder o cheiro de novo, perde o valor devido ao ultimo lançamento, mas de que vale o dinheiro sendo que dentro carro do ano ( os anos que sempre passam) eu terei um destaque da grande massa colorida que transita dentro de um ônibus? Foi assim que naquela novela a mocinha teve um final feliz... É assim que na vida real, pessoas morrem de fome, os prazeres de poucos resultam na morte de muitos.
Muito sangue foi derramado num curto período, muitos sapatos foram comprados no mesmo período, qual a diferença do sangue para a graxa que lustra os sapatos? Qual a diferença do valor de um sapato para a vida de uma pessoa? Que distancia existe entre um dólar e uma arma?
Estas são questões que eu não ouso responder, a ditadura continua meu amor, hoje em dia quem grita é louco, e quando escutam a voz do louco, ele passa a ser criminoso. A pena pra quem fala a verdade é sempre maior do que pra quem comete uma irregularidade.
PS: Falar a verdade é uma irregularidade.

Karina Borges

quarta-feira, 9 de maio de 2007

O Cotidiano


Até mesmo as horas presas em uma única moldura denominada relógio, com o passar do interminável percurso dos ponteiros, as horas caem no tédio, na desarmonia, no desespero. A convivência, o cotidiano é capaz de reduz grandes luzes, grandes vozes, grandes atos e artistas a hipocrisia da normalidade.
Às vezes me faço perguntas:
Como fazer milagres sem simplicidade?
Às vezes me pergunto como as horas fazem a curva no país dos relógios quadrados?
Às vezes me pergunto para onde o vento vai?
Pra onde a vida nos leva?
Fica difícil saber a direção, mas a intuição nos diz que é entre algum lugar, algo entre o beijo e o abraço entre o laço e o desdém, entre o colo e o carinho, o desprezo e o desespero,entre isso e aquilo, entre algo,entre agora, entretanto, talvez e o porem,talvez encontramos e nos perdemos,bem as vezes sobrevivemos,quase sempre nos mantemos vivos.
Nada é pleno, nada é constante. A felicidade é covarde, se esconde atrás do sorriso distante, a dor por sua vez também é fraca, se escondendo atrás da lagrima constante.
E o retrato empoeirado na estante é fixado pelo olhar abandonado dos olhos de quem o venera, de quem espera um dia imagens e projetos se materializarem, sonhos se tornarem reais da mesma forma de quem espera uma chuva de brigadeiros, uma tempestade de festim.
Nossos sonhos são pedidos de socorro de nossas almas, numa mais perfeita e confusa melodia, em uma única canção tudo aquilo que fomos, somos e queríamos ser,um pedido de socorro para sobreviver,estar vivo hoje é morrer!
Mas afinal de todas as contas, de água, luz e telefone, Tudo é mentira, a vida é um buquê de flores, no jantar, no casamento, no pedido de desculpas, na paixão perdida, pulsante e escarlate, um buquê de flores em um ultimo adeus, flores imortalizadas sobre o mármore.
A vida é o cinema, o teatro, o drama, o romance e a comedia, a vida é tudo aquilo que acontece entre o berço e o tumulo, acima e tudo nossos atos, anseios e ações.
Karina Borges

terça-feira, 24 de abril de 2007

Um retrato no escuro


Sono, insônia, solidão.
Metamorfose, esclerose, algo em vão.
Loucura, verdade e razão.
Liberdade, medo, prisão.
Amor, certeza, contradição.
Cadeias, algemas, imensidão.
Sei, soube e sinto.
Socorro silencio, eu sinto sono.
Tenho medo do abandono
Abandono a todo instante
O instável inconstante
Que sustenta a base da instabilidade
Contado mentiras ás verdades
Enganando um jogo ultrapassado
Trapaceando o passado
Que ultrapassa o futuro.
Uma vela no escuro, uma flecha contra o muro.
A vaidade no escuro, maquinado os machucados.
Aos abandonados, adotados, e esquecidos, doentes e feridos.
Tristes e enlouquecidos
Aos privados de si mesmo
Um espiral que gira e nos deixa tontos, que são tantos e tamanhos diante do universo, o inverso a vaga razão que temos.
Que vaga por ai, que passeia sobre o subconsciente, um presente pensante e imprevisível.
Penso, pois sou então.
Um fragmento de razão que ninguém pensa ter sou aquilo que não quero ser.
Sou o chão, a mão e o laço.
O beijo e o abraço, o desprezo e a indiferença, a diferença e a mesmice, o bebe e o ancião. Sou a molécula, a célula, o átomo e o ato, sou um pedaço e sou também o inteiro.
Karina Borges

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Tempo


Tanto tempo que fez frio, há tanto tempo faz calor, há tempos o tempo esta estranho,
Há tempos que não te vejo
Que tempo quente! Sinto tanto frio! Parece que vai chover, vou fechar os olhos para as gotas rolarem, pra chuva, pras lagrimas molharem um solo infértil que mesmo assim teima e dar frutos. Há tempo para crescer? Existe tempo para amar?
Tempo: compõe a rima e o pensamento
Tempo: todos os motivos, todos os momentos.
Tempo: para nascer, morrer e recolher.
Tempo: a questão e o questionamento, o concreto e o alento.
Tempo: o motivo e o desisti mento, há tempo para se falar e ouvir.
Há tempo para fingir e sentir, tempo de ser e de estar.
De desenhar e apagar, de plantar e colher o tempo.
De escolher, tempo de cansar. Tempo para perder sem tempo para ganhar
Algumas coisas levam tempo, certas coisas o tempo leva e não se lembra de devolver.
Leva tempo o pensamento, e tanto tempo para alguém pensar, tempo de partida, tempo de chegar, tempo de chegar num banco no meio do nada e ver o tempo mudar.
Ainda há tempo para mudar o mundo, sempre existe um segundo que pode explodir mil coisas. Sempre há tempo para correr, para abraçar, sempre sobra tempo, tanto tempo, para pedir perdão, segurar na mão, olhar nos olhos e dizer eu te amo!
O tempo é o vilão é o mocinho, é sedativo, também é festa, é tartaruga e pressa, é solidão e o sorriso, e o que eu não quero e o que eu preciso, o tempo é a frase e o pensamento, o tempo é o carinho e o tormento, a chuva, e o guarda sol, o barquinho de papel na imensidão do oceano. O tempo é a batalha de todo o dia, é a sua cortesia diante do espelho.
(Karina Borges)

domingo, 22 de abril de 2007

O Quarto


O meu quarto já foi rosa,
já foi azul e roxo
Foi também amarelinho,
foi pintado de disgosto.

Meu quarto teve bonecas
teve ursos e livros.
Meu quarto teve incenso,
teve biblías e vestidos.

No meu quarto tem brinquedos,
Filmes e discos.
Meu quarto teve tapetes,
chão gelado e doído

No meu quarto tem perfumes,
e canivete no armario.
No meu quarto tem tv,quadro e dicionario.

O meu quarto já foi meu,
e de todos neste mundo.
O meu quarto é um espelho,
e nem me vi nenhum segundo.

Hoje meu quarto não tem paredes
Nem objetos decorando.
Hoje sou tudo o que sobrou dele,
e ele,tudo o que esta faltando.
(Karina Borges)
Ps: na imagem acima,a foto é da constelação Karina

Tempestade de banalidades.


Olhos, espelhos e jugos.
Sentenças, centenas e contratos.
Fatos, filmes, fragmentos.
Momentos, milhões de manuscritos.
Amor, espetáculo, respeitável publico:
Respeite a prostituta que também é santa porque ama
Porque o amor converte em milagre o padre, o bêbado e o beija-flor.
O grito, a grade, a dor.
A guerra, a terra, a espera.
Espere a esperança esperando o certo
E errado estar por perto.

Espelho, vidraça e vidro.
Um caco cortante cortou
Aquele pulso, aquele sangue, aquele amor.
E o tapete condecorou-se de vermelho escarlate
Junto ao peito que bate e a lagrima que rolou
Deslizou sobre a leve brisa de um crime qualquer
Esfriou o meu café, e o ônibus não me esperou.
Um sorriso de mulher, um fraque bem passado.
Mal usado, desprezado o desprezou.
O vento leva o tempo, leva o senso, leva a frase, leva a fase, lava a face.
Leva o tudo e abandona no nada, no sertão das palavras secas,
Grudadas no chão mais árido, mais pálido e sem vida.
Mais intenso e algoz
A ferida feroz que se defende pelo medo.
O feio que se convence pelo espelho e esquece a sua bagagem
O belo que é levado pelo furacão de banalidades
Afoga-te na tempestade de coisas banais.
Uma parede edificada por tijolos irreais.
(Karina Borges)

sábado, 7 de abril de 2007

Outono Inconstante


È outono, as folhas caem, as folhas sempre caem, em qualquer época do ano.
É vazio, o caminho esta deserto, só me vejo na loucura de quem esta perto e a musica entorpecente é o som do meu coração quase parando. O vento bate nos meus cabelos, tão secos quanto às folhas que caem e que enfeitam a paisagem inconstante, tão seco quanto os lábios ainda úmidos com o beijo distante, tão seco quanto o coração de um cacto abandonado no seio do deserto.
Ouço a musica da vida onde o tempo é uma sinfonia muda, tão louca e tão surda quanto qualquer rosto distorcido, qualquer grito desesperado, qualquer grito sufocado e ausente de quem não grita, mas sente dor. O tempo é o tango da vida com a morte, é uma mistura de destino ou sorte, com morbidez e escuridão, é o altar erguido em um templo sem tempo onde tudo que começa termina sem mais nem por que...
Karina Borges

Imagens e palavras



Palavras e imagens, a musica muda que expressa qualquer sentimento,a hora que a qualquer momento, pode reconstruir uma muralha, apertar as mãos ou ativar uma bomba.É capaz de derrubar uma lagrima, destruir um coração,de acelerar o passo da morte ou pegar carona na calda do cometa esperança...As palavras são a imagem falante,a imagem é a palavra muda, e quem muda, a cada segundo tem um conceito de uma nova coisa,de uma mesma coisa.
A expressão é pouco do muito que nos resta, que interessa, e que é pouco utilizado. O amor não é somente eros, o amor também é a necessidade de compartilhar qualquer coisa que possa ajudar em algo por mais minúsculo que seja,mesmo que este algo seja uma palavra,uma imagem,uma musica sem ritmo e sem dança,uma teoria onde cada um tem o dever e o direito de colocar em pratica...
Sejam bem vindos...
Karina Borges